Figuro o que é de minha autoria

Leia-me ouvindo a mesma música que eu ouvi ao escrever esta fábula: http://www.youtube.com/watch?v=I7EbQYxoC8k

   Não queria escrever sobre romance, contudo é sobre o que escrevi nos últimos três contos. É sobre o que escrevo agora. Desde que me vi sem uma história romântica acontecendo no tempo e espaço tive a necessidade de contar o romance de um personagem que eu mesma inventei em questão de um lapso de memória; esqueci o amor.

  Noutro intervalo, ligeiro, repensei o pensamento antigo, foi preciso esforço para admitir a mim mesma que outrora eu era o personagem, porém fui perspicaz ao perceber que não deixei de ser o que eu era no passado. Sou fictícia por demais para querer acreditar em um relato verdadeiro. 

  Ouvi alguma voz - não se parecia com a minha - afirmando que roubaram meu papel. Ela era mais bonita, menos prepotente, portanto tornou-se protagonista e deixou-me figurante da minha própria peça. 

  Gritei: a biografia contínua me pertencendo... foi ai que perdi a voz,  apagou-se as luzes, ouviram-se os aplausos.